Exposição Quando… Alunos da Associação Cairuçu mostram seu trabalho na Casa da Cultura de Paraty

Estudantes do Curso de Fotografia do Programa de Tecnologia e Inovação ministrado no CEIC – Centro de Educação Integral Cairuçu Patrimônio, realizam exposição no Café Cultural do belo casarão da rua Dona Geralda, 177 – Centro Histórico.

A Casa da Cultura convidava o público a ver as novas exposições em cartaz. Era noite de vernissage. Nas salas do espaço interno as pessoas apreciavam as imagens da Paraty de outras épocas e passeavam pelos desenhos dos Urban Sketchers, que escolhem cenários na cidade para criar suas obras de arte. Mas foi no Café Cultural que muitos concentraram seus olhares.

Pendentes no espaço, as fotografias produzidas pelos alunos do Curso de Fotografia da Associação Cairuçu, atividade do Programa de Tecnologia e Inovação, brincavam com a nossa imaginação na bela exposição “Quando…”, com curadoria do fotógrafo Phelipe Paraense, 27, professor do curso ministrado ao longo do ano passado.

Em cada foto víamos o cuidado de quem quis resgatar a lembrança sobreposta à realidade. Um jogo da memória onde o relógio parece ter nos dado um respiro. “A intenção foi pensar o tempo através da fotografia”, explicou Phelipe. “O resultado é a materialização do sentimento de olhar um lugar através dos limites dos objetos ampliados”. Esses objetos são fotos antigas escolhidas pelos autores para retratar locais que vivem em suas lembranças afetivas e levadas para o mesmo lugar onde foram tiradas, na tentativa de posicioná-las com a máxima precisão e fazer um novo registro transbordando as margens e encaixando a cena em um novo quadro que mostrasse o presente.

“O importante era sempre ter o desprendimento técnico e estético para valorizarmos o conjunto e o que cada um mais gostava na sua imagem”, contou Phelipe.

Confira imagens da exposição:

 

Orgulhoso de ter suas produções expostas ao lado do trabalho de outros seis alunos do curso da Associação Cairuçu, o fotógrafo Rogério Freitas, 33, havia participado também da exposição “Corpos Puríssimos”, primeiro projeto de conclusão do Curso de Fotografia, exposto durante a FLIP de 2015 e levado para ser apreciado nas paredes do Metrô de São Paulo. Naquele trabalho a ideia era registrar a sobreposição de texturas da natureza sobre o corpo humano, bem diferente do tema deste ano. “Imagina se conseguirmos levar a exposição para São Paulo de novo e se a minha mãe se vê na minha foto”, indagou esperançoso.

Rogério mora aqui há mais de dois anos e adiou o sonho de uma viagem de mochilão pelo Brasil depois de concluir os dois módulos do curso do mestre Phelipe. Agora trabalha produzindo fotos nas escunas e vai começar um novo projeto na Associação Cairuçu: ministrar o curso Introdução à Fotografia Educativa no bairro Patrimônio para crianças de 09 a 14 anos de idade. “Eu já trabalhei como voluntário e percebi que as crianças da região sabem o que querem”, avaliou Rogério. “Elas aprendem muito rápido”, concluiu.

“Quero agradecer ao educador Phelipe Paraense pelas aulas envolventes, aos alunos pela vontade de aprender e desenvolver as técnicas e o olhar, à Associação Cairuçu por proporcionar aos jovens uma nova profissão e à Casa da Cultura por mais uma vez receber o trabalho final do Curso de Fotografia da Associação Cairuçu”, Gilmara Kíria, coordenadora do Programa de Tecnologia e Inovação.

Espaço aberto

Em 2016 a proposta da AC é dividir o Curso de Fotografia e oferecer aos alunos aulas organizadas em módulos de 3 meses no bairro Laranjeiras. “Quem sabe conseguimos produzir duas exposições para o ano que vem”, ponderou Phelipe.
A chance de ver o sonho apoiado por quem acredita no trabalho é grande. A superintendente da Casa da Cultura Gabriela Gibrail ficou admirada com o bom gosto da exposição “Quando?”. “Nós acreditamos no projeto e sabemos que a Associação Cairuçu tem credibilidade e muita qualidade no seu trabalho”, declarou Gabriela.

Essa aprovação era percebida nos comentários na noite de abertura. O fotógrafo Alfredo Ribeirinha, 54, achou o tema de “Quando?” surpreendente. Seu filho Eduardo, 9, e o amigo João, 7, estavam contentes por reconhecer lugares da sua realidade nas imagens expostas. “Vimos a Igreja Santa Rita e uma rua que conhecemos no Centro Histórico”, comemorou Eduardo.

Autor de trabalhos expostos em outra sala da Casa da Cultura, o artista plástico Chico Forlenza gostou da interação entre as fotografias e as pessoas ao redor. “Achei genial o conceito proposto aos alunos, de ampliar o olhar e expandir os limites de algo já registrado”, afirmou Chico. “A exposição está maravilhosa”. Eu concordo e tenho certeza de que vale a pena reservar um tempo na rotina para fazer uma visita.

Profissionalização

“Quando?” é a conclusão do trabalho com alunos que têm a chance de aprimorar seus conhecimentos sobre a fotografia e trabalhar profissionalmente aplicando o aprendizado ao longo do ano. “Nosso foco é a profissionalização”, garante Phelipe. Ele acredita que 50% de seus alunos conseguiram ter a fotografia como fonte de renda principal depois de formados. Muitos começam as aulas sem equipamento. “Mas logo a maioria compra câmeras e lentes e encara isso como investimento, e não apenas como hobby”. Foi o que aconteceu com o Rogério e muitos outros alunos que passaram pela Associação Cairuçu e aqui encontraram a oportunidade de trabalhar seus talentos.

Para participar dos cursos oferecidos neste ano, entre em contato com os Centros de Educação Integral Cairuçu AQUI

Texto: Débora Monteiro – Jornalista

Quando…
Entrada Livre
Local: Casa da Cultura
Período: até 24 de Abril
Endereço: Rua Dona Geralda, nº 177, Centro Histórico, Paraty – RJ

Visite www.cairucu.org.br

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