De 08 a 17/11 na Igreja do Rosário e no Centro Histórico de Paraty acontecem missas, procissões, apresentações de danças folclóricas de origem africana e outras manifestações religiosas e da cultura popular.
Mantendo uma tradição que remonta ao século XVIII, a Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios realiza a Festa de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. A procissão sai da casa dos festeiros empunhando bandeiras e estandartes com imagens do Santo e da Virgem, rumo à Igreja do Rosário, no Centro Histórico da cidade.
No trajeto, os fiéis buscam a imagem do Santo, guardada na casa de um devoto. No encerramento do evento, o Rei e a Rainha da festa serão coroados. São Benedito era o padroeiro dos escravos e essa festa era considerada a Festa do Divino dos negros.
As peças que integram essa festa (incluindo as utilizadas na coroação), dos séculos XVIII e XIX, pertencem à Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios e são parte do acervo do Museu de Arte Sacra. Confeccionadas em prata repuxada, as peças são emblemáticas na comunidade, e todo ano são utilizadas nesses festejos e procissões, sendo exibidas em altar próprio na Casa do Festeiro.
Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, santos negros, são celebrados pelos moradores da região com fogos, danças e cerimoniais que partem em procissão desde a casa dos reis à Igreja de N. S. do Rosário e S. Benedito, onde acontece a missa de coroação, momento ápice dos festejos.
Ao reunir a comunidade negra em torno desses santos e desse rei, a Festa de N.S.do Rosário e S.Benedito se relaciona fortemente à história de Paraty.
Os escravos do sudeste do Brasil, incluindo Paraty, vieram principalmente de Angola e do antigo Reino do Congo, regiões descobertas no final do século 15 pelos navegadores portugueses, que cristianizaram suas populações e com elas iniciaram o tráfico de negros para o Brasil e as colônias europeias do Novo Mundo. Mesmo cristianizados, os escravos que vieram para o Brasil não deixaram suas tradições e, frequentemente, mesclaram essas tradições com a doutrina cristã, no que os estudiosos chamam de africanização do catolicismo. Fazem parte dessa mescla tradições negras como a coroação do Rei Congo, durante as Festa de N.S. do Rosário e S.Benedito em Paraty.
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