A abertura dos Passos da Paixão; a exibição de peças sacras de valor incalculável como o Senhor dos Passos, o Cristo Crucificado e a Nossa Senhora da Soledade e as Procissões do Enterro e do Fogaréu a são os pontos altos das celebrações na cidade.
Paraty mantêm tradições que datam dos séculos XVII e XVIII, e mostra imagens e peças sacras com mais de 300 anos de existência. Essas peças, que se encontram sob a tutela do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ficam guardadas todo o ano no cofre do Museu de Arte Sacra de Paraty, na igreja de Santa Rita.
Todas as procissões e celebrações da Semana Santa são, até hoje, preservadas, tanto pela paróquia quanto pelo povo paratiense.
Na verdade, algumas delas foram adaptadas – como, por exemplo, a Procissão do Encontro – que era realizada uma semana antes e, atualmente, acontece na própria Sexta-Feira. Seis peças de valor histórico-arquitetônico incalculável podem ser vistas na Sexta-Feira Santa em Paraty: os Passos da Paixão, abertos apenas uma vez por ano.
Veja fotos:
Um dos pontos altos da Semana Santa em Paraty é a Procissão do Fogaréu (ou da Prisão) da qual, no início, somente homens participavam, sendo as mulheres proibidas até de vê-la pelas janelas.

Procissão do Fogaréu na frente da igreja de Santa Rita – Foto: POL
Dessa procissão, reativada na década de 70 por um grupo de jovens paratienses, participava a figura do Centurião, que ia à frente do andor tocando uma corneta quando chegava à frente das igrejas. O Fogaréu, que inicia à meia noite de Quinta-Feira, simboliza a prisão de Cristo.
Nessa procissão secular os fiéis saem pelas ruas de pedras do Centro Histórico portando fifós (tochas), com as luzes dos postes apagadas e ao som incessante de matracas – o que nos transporta a outros tempos. As matracas vieram substituir os sinos que, por serem motivo de júbilo, silenciam na Quinta-Feira Santa e só voltam a tocar no Domingo de Páscoa.
É curioso notar durante a procissão que, em fila, os fiéis entram pelas laterais saindo pela porta principal de todas as igrejas do Centro Histórico. São duas explicações para este fato: uma litúrgica e uma popular. A versão litúrgica trata da indulgência plenária – o perdão dos pecados sem a confissão; e a popular estipula que a procissão do Fogaréu é uma dramatização dos passos de Cristo, isto é, as igrejas representam os lugares por onde Cristo teria passado após a prisão: Anás, Caifás, Herodes, Pilatos e presos nunca entram pela porta da frente.
Confira:
Além de Paraty, uma das poucas cidades onde ainda se mantém viva a tradição do Fogaréu – embora realizada de maneira distinta, sobretudo nos figurinos – é na cidade de Goiás Velho, em Goiás, agraciada pela Unesco com o título de Patrimônio da Humanidade.
Imagens sacras de valor incalculável podem ser admiradas durante as procissões da Semana Santa em Paraty: o Senhor dos Passos, do século XVIII, em tamanho natural, com braços articulados; o Cristo Crucificado, também em tamanho natural, usado na cena do Calvário, arte espanhola do século XVIII; a Nossa Senhora da Soledade, que sai na Procissão do Enterro, de 1.80m de altura e origem também espanhola, muito provavelmente do oitocentos; e o Senhor da Cana Verde e a N.S. das Dores, ambas igualmente do século XVIII, chamadas peças “de roca”, isto é, figuras que possuem apenas a cabeça, os braços e os pés, muito comuns em Minas Gerais.
Durante as procissões da Semana Santa em Paraty podem ser vistas outras peças raras feitas em madeira, como o esquife do Senhor Morto, ou de prata ricamente lavrada, como as lanternas e o Pálio da Procissão do Enterro, entre outras.
Desde seus primórdios que Paraty é uma cidade tradicionalmente católica, organizando e festejando anualmente cerca de 23 festas de cunho religioso, sendo as mais importantes a Festa do Divino, a Festa e Procissão Marítima de São Pedro, Corpus Christi, a Festa de Santa Rita, a Festa de N.S. dos Remédios – padroeira da cidade – e a Semana Santa.
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