
Ismael Conceição dos Santos, 14, brinca com barco de madeira na praia. Leticia Moreira/Folhapress
Barquinhos em miniatura feitos por adultos e crianças da região do Saco do Mamanguá (onde foi filmado “Amanhecer”, da saga “Crepúsculo”) saõ expostos para venda nas lojas do Centro Histórico de Paraty.
“O artesanato aqui começou assim: a gente fazia pra brincar. Hoje é comércio pra todo mundo”, conta Benedicto Mathilde dos Santos, 55, o seu Dito, um dos artesãos mais antigos do local. Os barcos são esculpidos em uma madeira macia chamada caixeta. Mas seu Dito logo explica que não há desmatamento. “A gente não arranca a árvore, só poda e usa os brotos que nascem.”
Renan da Conceição, 12, aprendeu a confeccionar barquinhos de tanto ver o pai fazendo. Com duas facas, martelo, prego e cola, cria modelos para brincar e para vender. “Os que faço pra vender são mais caprichados”, conta o garoto, que já se cortou algumas vezes com a faca usada no artesanato. Ele vende cada barco simples por R$ 1. Durante a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), as vendas aumentam. “Dá para ganhar um troquinho”, conta.

Renan da Conceição, 12 mostra como faz os barcos de madeira, para serem vendidos como artesanato. Leticia Moreira/Folhapress
Mas seu Dito reclama: “Na hora de vender não valorizam, por isso muita gente daqui acaba preferindo ir pra pesca”, diz o artesão. Mesmo recebendo pouco pelo trabalho, Dito e Renan ficam felizes ao ver os barcos nas lojas. “Lá eles ficam mais bonitos, ganham pintura”, conta Renan. E Dito completa: “Fazem sucesso, toda criança gosta de barquinho no mar. Até os filhos dos turistas que não têm mar põem na piscina, na banheira e brincam.”
Depois do trabalho, Renan vai brincar com Ismael, 14, filho de seu Dito. Eles fingem ser pescadores e puxam por um fio a miniatura de barco. Depois, apostam corrida sobre as águas -enquanto não realizam o sonho de pilotarem seus barcos de verdade.
Visita em família
Quem quiser conhecer de perto o Saco do Mamanguá pode agendar um passeio coordenado pelo biólogo Paulo Nogara, que já publicou livros sobre a comunidade de artesãos. Com saída de Paraty Mirim (cerca de 30 km do centro de Paraty) às 10h, as famílias encontram o guia local e embarcam em uma canoa caiçara até o fundo do Mamanguá. Lá, aprendem a remar em canoas de fibra e atravessam um manguezal até a casa de uma família de artesões, na comunidade do Regate.

O artesão Benedicto Mathildes Conceição dos Santos, 55, faz barcos de madeira para serem vendidos como artesanato ou brinquedos. Leticia Moreira/Folhapress
Almoçam comida típica caiçara e participam de uma oficina com demonstração de como esculpir um barco na caixeta. Cada participante ganha um barquinho para pintar. O passeio termina por volta das 16h30 e custa R$ 130 por pessoa, incluindo almoço. Criança de até oito anos paga meia. O programa é feito em parceria com a comunidade de artesãos do Regate. Mais informações pelo telefone (24) 3371 1951 e 9956 9995.
informações da Folhapress – Gabriella Mancini enviada especial a Paraty
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