Por Débora Monteiro* – Sentar na Praia do Pontal e sentir o tempo passar diante da paisagem serena da Baía de Ilha Grande é uma das coisas mais deliciosas de morar em Paraty. Pequena, simpática e despretensiosa, a praia na região central fica vazia nos meses de Inverno e é perfeita para você relaxar enquanto bebe a famosa caipirinha Jorge Amado, preparada com maracujá, limão e a doce cachaça Gabriela, com aroma de cravo e canela. A vida fica mais leve depois de uma tarde por ali…
Já no Verão as águas mornas ganham a visita de turistas que chegam para passar as férias ou aproveitar um dia de sol em Paraty. O mar calmo balança quem tenta se refrescar entre pranchas de Stand Up Paddle e caiaques coloridos que levam os mais animados por um passeio pela região.
Alugar um caiaque e deixar-se levar pelo vento sempre me pareceu uma ótima ideia para desfrutar o mormaço, e hoje enfim experimentei a sensação de cruzar a parte onde o Rio Perequê-Açu desemboca no Oceano Atlântico para chegar à Ilha da Bexiga.
Entre uma remada e outra fiquei pensando nos corajosos que sobem no caiaque e cruzam os sete mares sem medo de ser feliz. A travessia entre a praia e a ilha é tão rápida que parece insignificante fazer essa comparação, mas dá um frio na barriga imaginar a audácia dos aventureiros enquanto desviamos da marola de escunas e lanchas que nos saúdam à distância.
Rema, remador
Nosso caiaque nos acomodou confortavelmente depois que ouvimos as instruções cuidadosas do André, responsável pelo aluguel. Atencioso, ele deu uma aula rápida para os marinheiros de primeira viagem e nos alertou para que tomássemos cuidado com os banhistas e evitássemos encontros em alto-mar – OK, isso é força de expressão, já que passeamos pela baía de Paraty. Em poucos minutos aprendemos a controlar os remos e posicionar o caiaque de frente para as ondas, evitando virar o gigante e tomar um banho indesejado.
Preparados, caímos na água e rumamos em direção à Ilha da Bexiga, porção de terra à direita que parece distante, mas fica próximo ao continente: em duas horas atravessamos o caminho, demos a volta em toda a ilha, paramos em duas praias desertas para fotografar a paisagem e voltamos para a areia com direito a algumas pausas para descansar quase no meio do nada. O passeio não é cansativo e relaxa a mente e o corpo mais do que exige esforço físico. Recomendo para quem está acostumado a praticar atividades físicas e para quem anda sedentário (ainda mais porque no caiaque vão 2 pessoas). Parece difícil ou exaustivo, mas não é, pode acreditar!
Se você não quiser encarar tanto tempo sob o sol é possível alugar apenas 30 minutos e seguir as marcações de bambu até chegar ao morro do Forte, onde a vista também é maravilhosa. Segundo as informações do André, os mais ativos conseguem ir até a Ilha do Araújo em pouco mais de 2 horas – dá para almoçar uma moqueca das boas e voltar para descansar em casa. Já incluí essa sugestão para a próxima voltinha
* Débora Monteiro é jornalista, editora do blog https://sweetparaty.wordpress.com
Comente esta matéria: