O pequeno estabelecimento comunitário Cirandas, com 50 alunos, trabalha com um método sem matérias, provas, séries ou sinal de recreio. Aberta há um ano, na Escola Comunitária Cirandas as crianças chegam às 8h e entram em uma roda de cantos, poesias e tai chi chuan “para despertar o corpo”, diz a diretora, Mariana Benchimol.

Crianças da escola Cirandas fazem uma mandala de flores e folhas
Em seguida, vão para a sala de iniciação –dedicada ao processo de alfabetização–, ou para a de projetos, onde fazem atividades semanais. O horário obrigatório é até as 15h20. As crianças almoçam na escola, servem e lavam os próprios pratos, se revezam na organização do refeitório e brincam. Há também projetos anuais, como na Finlândia.
No ano passado, por exemplo, os alunos fizeram uma viagem. “Primeiro eles queriam surfar no Havaí, mas viram que não seria viável e organizaram uma viagem para uma praia perto”, conta a diretora. Eles calcularam custos, arrecadaram fundos e escreveram o roteiro da viagem.
Para Mariana, o ensino tradicional não leva em conta as diferenças dos alunos, e seguir uma apostila pré-elaborada fere a autonomia da criança. “Aqui, o professor tem um planejamento, que não é uma grade. Ele ouve as crianças e traz o conteúdo curricular de forma transversal.”
Todos os alunos da escola pertencem a um único ciclo, que corresponde ao 1º a 5º ano do ensino fundamental. Elas são divididas de acordo com a intenção pedagógica, seja por afinidade de conhecimentos, por maturidade, por idade ou por projetos.
E, por mais que não haja provas e notas, os alunos são avaliados diariamente. Existe uma base interna para acompanhar os Parâmetros Curriculares Nacionais.
A escola ainda propõe a diversidade. Metade das vagas é destinada a bolsistas. “Temos filhos de banqueiros convivendo com filhos de trabalhadores domésticos. Alguns viraram melhores amigos e frequentam a casa um do outro”, diz a diretora.
Para quem paga, o valor é próximo dos R$ 1.000 mensais, que incluem alimentação, produtos de higiene e material escolar.
Matéria: Patricia Pereira, em colaboração para a Folha de São Paulo desde Helsinque (Finlândia)
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