Casarões e sobrados são vendidos em até R$ 6 milhões. Alto custo de manutenção empurrou os moradores a vender seus imóveis, que viraram empreendimentos turísticos, lojas, restaurantes e segunda moradia de pessoas endinheiradas.
Contexto histórico

Foto: POL
Paraty é conhecido pela sua riqueza em belezas naturais e por seu relevante patrimônio histórico e arquitetônico. Surgiu com a necessidade da abertura de caminhos que interligassem as regiões de São Paulo e Minas Gerais à região do Rio de Janeiro, destacando-se, assim, como um importante porto para o escoamento de pedras preciosas para Portugal, período esse marcado pelo Ciclo do Ouro, tornando Paraty uma vila de grande relevância.
Todavia, um período de isolamento econômico foi ocasionado pela construção de um novo caminho da Estrada Real.
Posteriormente, a região serviu novamente como entreposto comercial, desta vez dentro do ciclo cafeeiro, devido à proximidade de escoamento para a Europa. Sua formação administrativa se deu em 1844, quando Paraty ganhou o título de município.
Mais tarde, sofre novo colapso econômico por conta da Lei Áurea, aliado à abertura da estrada de ferro que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo, causando novo isolamento da cidade. Porém foi esse acontecimento que acabou possibilitando a preservação do patrimônio arquitetônico do local.

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Em 1973, com a abertura da rodovia BR 101 (Rio- Santos), a cidade recebe novo impulso econômico, surgindo assim o Ciclo do Turismo, que, considerando os atributos do local, acaba se tornando a principal atividade econômica do município.
Com seu Centro Histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), enquanto Patrimônio Nacional, Paraty passa a ter uma representatividade nacional no que tange a arte e a cultura.
Especulação imobiliária
Com o tombamento do Centro Histórico de Paraty, muitos problemas decorreram desta chancela, como o custo de manutenção dos imóveis, que é muito alto, ficando os proprietários, muitas vezes, impossibilitados de arcar com tamanha despesa.
Dessa forma, o que acaba acontecendo é que o uso do espaço passa a ter outras funções após serem vendidos. Essa situação fomenta a especulação imobiliária, o preço dos imóveis sobe, e há investidores que oferecem altas quantias para adquiri-los, sendo que muitos deles são estrangeiros.
Estas consequências fizeram com que o então morador do Centro Histórico, que ainda possuía condições de resistir, não tivesse mais possibilidade de continuar alocado em seu local de origem vendendo assim seu imóvel, caracterizando, portanto, o Centro Histórico como um local primordialmente turístico e comercial, ao invés de residencial.

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Devido a sua importância turística, o local passou a ser desejado por comerciantes e prestadores de serviços turísticos, além de pessoas de alto nível financeiro para segunda residência, devido à exclusividade e a sofisticação simbólica que um conjunto arquitetônico tombado e preservado pode oferecer.
Por conta da sua beleza, seu ambiente nostálgico e por ser uma cidade cenográfica, o município de Paraty convive constantemente com produções para gravações de filmes, novelas, minisséries e videoclipes, além de reportagens sobre turismo, moda e peças publicitárias. A cidade também sedia grandes eventos como a FLIP.
Todo esse contexto faz com que Paraty seja uma cidade vinculada pela mídia como exótica, paradisíaca e nostálgica, atribuindo a ela uma imagem simbólica muito forte.
Os imóveis no Centro Histórico têm valores de venda muito altos, alguns por um pouco mais de R$ 1 milhão, podendo chegar a até R$ 6 milhões. Para o aluguel, os valores variam entre R$ 800 e R$ 5 mil a diária.
É possível observar que, sem dúvida, Paraty é um lugar que vale a pena visitar, desde que se busque algo além do já previamente conhecido ou reconhecido, sendo que há inúmeras possibilidades presentes na localidade.

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Este texto traz reflexões resultantes das atividades da disciplina Realidade Turística Brasileira (RTB), oferecida no Bacharelado em Turismo da Universidade Federal de São Carlos, campus Sorocaba.
Os textos – sempre redigidos pelos discentes e revisados pelos docentes – fazem parte das avaliações desta disciplina, que ocorrem anualmente no formato de viagem assistida por docentes da UFSCar-Sorocaba a destinos turísticos brasileiros.
A última oferta de RTB ocorreu em dezembro de 2013, quando se visitaram destinos turísticos do Litoral Norte Paulista, Paraty, Rio de Janeiro, Petrópolis, Niterói e Vale do Paraíba paulista.
Os autores são discentes do Bacharelado em Turismo da UFSCar-campus Sorocaba: Beatriz Cressio Deboni, Guilherme Clarindo Pereira, Luiz Carlos Beteghelli Neto, Luna Choueri, Suzane Cazonato, Thatiane Rodrigues, Vinícius Bernardo, Wanessa Bonini.
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