Renato Imbroisi, diretor artístico do Paraty Eco Fashion Eco Modus, esteve na cidade com parte de sua equipe, para continuar a orientar todos os envolvidos na criação do conteúdo da exposição Raízes de Paraty, que será realizada na Casa de Cultura, durante o evento (16 a 19 de outubro de 2014).

O designer Renato Imbroisi. Foto: Iberê Perissê
Teve encontros muito produtivos com artesãos, designers, artistas, alunos e professores, durante os quais pôde ver e avaliar o que já está sendo produzido, conversar, trocar ideias, sugerir, orientar, inventar.
Vieram com ele duas designers e professoras: a estilista Liana Bloisi e a joalheira Gabriela Ricca. Liana trabalhou com professores e alunos do Centro de Capacitação Colibri, enquanto Gabriela desenvolveu peças com os indígenas da aldeia Itati, em Paraty-Mirim, e caiçaras do Curupira, no Saco de Mamanguá.

Mestre Ditinho e sua canoa caiçara. Foto: Iberê Perissé
Imbroisi esteve em todos estes lugares, sempre reforçando a importância de se valorizar a cultura, as tradições e o perfil da cidade, e, principalmente o tema do evento deste ano: o mar de Paraty, com ênfase nos barcos, sejam as embarcações grandes e pequenas de pescadores, as de passeios, as canoas caiçaras, as miniaturas de madeira que repetem cores e formas dos barcos de verdade e estão entre as principais lembranças levadas por visitantes que não querem (nem conseguem!) esquecer Paraty.
“Este ano, vamos homenagear os mestres artesãos que fazem barcos, como o Sr. Ditinho, que faz canoas caiçaras e os artesãos do Saco de Mamanguá, que produzem miniaturas de barcos”, diz Imbroisi.
Ele trabalha para que este tema esteja bem definido, e de forma marcante, em todos os itens e aspectos da exposição. “No ano passado, foram homenageados os mestres que fazem as máscaras”.

Barquinhos dos artesãos da comunidade Curupira, do Saco de Mamanguá. Foto: Iberê Perissê
No Centro de Capacitação Colibri estão acontecendo oito cursos relacionados à exposição, sob orientação de nove professores. Os alunos aprendem e aperfeiçoam técnicas como bordado, crochê, costura e tecelagem, entre outras, e têm a possibilidade de participar da exposição. Para isso, porém, é preciso trabalhar com vontade de fazer bonito e fazer bem feito –e ainda dá tempo daqui até outubro. Também vai haver participação de crianças, que terão aulas de tecelagem e artesanato em papel em escolas.
“Neste ano, vamos lançar concursos com o tema Mar nas técnicas de patchwork, bordado e crochê”, revela o designer (em 2013, houve o concurso Máscaras Bordadas, apenas para o bordado).
Gabriela Ricca
A joalheira e designer Gabriela Ricca, artesã de mão cheia (faz fiação, tecelagem, trabalha em metal e gravura em buril), está desenvolvendo uma coleção de colares, pulseiras e anéis com os indígenas de Paraty-Mirim.

Gabriela Ricca
Ela esteve na aldeia participando de oficinas junto ao grupo de mulheres que trabalham com macramê e miçangas; e também dos homens, escultores responsáveis pela produção dos bichinhos em madeira caxeta tradicionais da etnia guarani. Em cada grupo havia um instrutor, também indígena, repassando o conhecimento para meninas e meninos. Desde o ano passado, por sugestão de Imbroisi, são produzidas miniaturas destes animais, com medidas em torno dos 2 a 3 cm, que são utilizados na confecção de colares.
Com experiência em atendimento a grupos de artesãos em diversos pontos do país e até escultores Makonde, do Norte de Moçambique (cujo trabalho em ébano é considerado um dos mais perfeitos), Gabriela não interfere no conhecimento ancestral indígena:

Artesãs da aldeia de Paraty Mirim. Foto: Iberê Perissé
“Não faço nenhuma interferência na técnica, na forma como lixam e esculpem a madeira, na queima com ferro quente; apenas direciono estéticamente, dando sugestões para desenvolvermos juntos as novas peças”.
Seu objetivo é montar duas linhas: uma com miçangas de madeira (compradas), miçangas esculpidas em caxeta pelos indígenas, sementes, bambu e os mini-bichinhos; a outra com miçangas coloridas industrializadas. Também estão desenvolvendo anéis e pulseiras inteiramente esculpidos em madeira.
A joalheira esteve com os marceneiros do Saco de Mamanguá, onde propôs a criação de pulseiras de madeira com desenho inspirado nos barcos. O resultado deste processo vai surpreender ao ser apresentado na exposição.
Liana Bloisi

Liana Bloisi
A estilista e designer Liana Bloisi tem formação em Artes Visuais e, como gosta de descrever, “enveredou pela parte de estilo”. Atua em design têxtil desde 1969, nas áreas de criação, estilismo e desenvolvimento de produtos para indústria e artesanato. Também participa como professora e criadora de diversos projetos junto a comunidades de artesãos no Brasil; atuou em São Tomé e Príncipe, na África, em oficinas de costura, bordado, modelagem e estilo.
Com ampla experiência em curadoria, está participando do desenvolvimento do projeto expositivo da mostra Raízes de Paraty deste ano.
Durante a semana em que esteve na cidade, trabalhou no Centro de Capacitação Colibri, junto aos alunos de costura, bordado, crochê, tecelagem, patchwork e conversou muito com os professores, em trocas enriquecedoras para todos.
Orientou os grupos no sentido de inserir o tema mar, peixes e barcos em sua produção e também de buscar uma linguagem bem brasileira e que se identifique com o perfil da cidade de Paraty, “em cima da simplicidade, com cores puras e não sedimentadas, que caracterizam o centro histórico”.
Botou a mão na massa, produzindo amostras de patchwork voltadas ao tema, num estilo que considera “brasileiro e contemporâneo”, utilizando tecidos em tons do mar – e não apenas estampadinhos, como é tradicional no patchwork de origem anglo-saxônica – e texturas. No que depender de Liana, serão muitas boas surpresas, do conteúdo à montagem da exposição.
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