*Por Claudia Ferraz. Ele faz jóias artesanais, esculturas, cria em madeira, é um dos raros (e bons) produtores de heliogravuras, faz serigrafia, fotografia… e cartazes para eventos de Paraty. Além de múltiplo, Patrick é um guardião das técnicas do fazer artístico.
Um dos franceses com mais “alma paratiense”que conheço é Patrick Allien. Seu ateliê, ali na rua do Comércio, 24, foi batizado de Oficina Paratiense de Gravura.
O lugar é sempre uma certeza de se encontrar coisas bonitas e boa conversa sobre a arte e suas técnicas seculares. Apaixonado por pesquisar e experimentar, Patrick é um curioso incansável. Detalhista, ele não mede esforços para descobrir a técnica exata, o material mais adequado, a cor mais perfeita, a luz ideal.
Sua exposição “A verdadeira história do Zé Rêtico, o último dos caiçaras”, revelou resultados incríveis de seu trabalho com heliogravura – processo de reprodução de imagem fotográfica. a partir de uma matriz de cobre, com impressão manual em uma prensa, reproduz a gravura de uma imagem fotográfica.
Cada uma delas trazia uma cena da verdadeira fábula alegórica que ele próprio criou, para contar, em detalhes minuciosos, a saga de seu personagem. Sim, ele é um faz-tudo na sua arte. É, inclusive, roteirista (bem-humorado e afiado na crítica) das histórias que seus trabalhos contam.
Sua última novidade é criar cartazes. Ele anda entusiasmado com isso, não só porque está alcançando ótimos resultados, mas por ser uma forma de fazer reviver em seu ateliê os famosos e eternos “affiches” – prática de design gráfico deliciosamente francesa, que há décadas e décadas divulga com linguagem de arte não só filmes e espetáculos, mas produtos, artistas, ideologias, mil coisas.
Por enquanto ele desenvolveu dois cartazes, ambos em tiragem limitada. Um deles para o Art Contemporânea, festival internacional de artes visuais que vai tomar as ruas e ateliês da cidade a partir de 29 de julho, e o outro para a Escola de Vela do Instituto Náutico, onde ele já deu aulas de navegação para adolescentes.
“Criei o cartaz do festival de artes a partir de uma obra do Cesare Pergola, idealizador do Art Contemporânea. Usei papel craft e cores primárias, e o resultado do cruzamento das cores me surpreendeu, cada peça ganhou um fundo especial. Haverá no máximo duzentos deles”, conta Patrick.
E para criar o cartaz do Instituto Náutico, o desafio o levou a virar menino: desenhei as ondas, montei um barquinho na base do improviso e bonequinho de lego, fiz toda a montagem manualmente, para depois ser fotografado e interpretado com retículas.
A edição limitada é de apenas sessenta cartazes, alguns em papel craft, outros em reciclado e também em papel canson, de desenho”, explica o artista, que não pretende curtir esse entusiasmo sozinho. Ele quer fazer do seu espaço, cada vez mais, uma oficina de verdade, especialmente para jovens interessados nas artes gráficas. Uma ótima notícia para quem desconfia que tem talento e quer ampliar horizontes.
Se você ainda não conhece as mil faces do Patrick Allien, visite seu blog www.patrickallien.blogspot.com