O evento, de 26 e 28 de Agosto na Casa da Cultura, abre uma série de ações em Paraty com o intuito de promover o diálogo entre cientistas, artistas, jornalistas e tradutores do Brasil, América Latina e dos países da língua alemã. Paraty é o lugar onde nasceu Julia da Silva-Bruhns, mãe dos mais famosos irmãos da literatura alemã, Thomas e Hienrich Mann.
A origem brasileira dos Mann é desconhecida até mesmo entre especialistas. O colóquio pretende por em debate este e outros tópicos pouco estudados e almeja mapear as discussões históricas e contemporâneas sobre as experiências, percepções e leituras do próprio e do alheio.

Prestes a morrer, em 1923, Julia Mann começou a falar num idioma que o filho caçula, sem entender, acreditava ser português. O relato de Viktor Mann é lembrado pela estudiosa Marianne Krull no documentário “Memórias do Paraíso” (2005), de Marcos Strecker, e dá a dimensão da importância daqueles breves sete anos que Julia viveu no Brasil. O filme será uma das atrações do 1º Colóquio Internacional Intermediações Culturais Brasil- Alemanha, que acontece entre os dias 26 e 28 de Agosto na Casa da Cultura de Paraty.
Organizado por Johannes Kretschmer e outros estudiosos, o evento pretende jogar luz sobre a revisão que se tem feito nas últimas décadas acerca da importância da ascendência brasileira para as vidas e obras dos irmãos Mann.
“A origem brasileira dos Mann é desconhecida até mesmo entre especialistas. Estudos recentes mostram que ela pode inclusive levar a novas interpretações sobre textos seminais dos dois”, diz Kretschmer. Entre esses trabalhos estão Mutterland – Die Familie Mann und Brasilien, escrito por Karl-Josef Kuschel, Frido Mann e Paulo Soethe, publicado em 2009 na Alemanha e inédito por aqui.
O livro, segundo Soethe, busca mostrar que Julia teve mais influência sobre Thomas Mann do que fazem crer seus escritos. Ao contrário de Heinrich, que inclusive escreveu o romance “Entre as Raças” inspirado na história da mãe, Thomas pouco deixou transparecer proximidade com a mãe.
Chegou até a renegar a ascendência no começo da carreira, ao ser atacado em jornais alemães pelo “sangue judeu”. Mas mesmo Thomas declarou, em 1943: “Sempre estive consciente do sangue latino-americano que pulsa em minhas veias e bem sinto o quanto lhe devo como artista.”
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