Há quatro anos em Paraty, o inglês John Hudson é uma figura marcante na cidade. Ele cativa pela simpatia, pelo bom humor e, agora, por sua arte. Apaixonado por conchas desde a infância, quando brincava nas praias da Inglaterra, ele cultivou essa paixão pela vida afora, a ponto de fazer dela uma linguagem bastante expressiva do seu talento como artista. Seu elegante trabalho com conchas está em exposição no Armazém Paraty (rua Samuel Costa, 18, Centro Histórico, 3371 1474), até 28 de novembro. E merece ser visto sem pressa.
São objetos decorativos cravejados de conchas e corais nos mais diferentes tons e formatos – verdadeiras jóias do mar. Entre as peças, todas trabalhadas à mão com muito capricho e delicadeza, há molduras de espelhos, bowls, vasos, estojos, castiçais, bases de abajur e de arranjos de mesa, tudo muito leve e chique, sugerindo uma decoração especial não apenas para uma casa de praia, mas também de cidade ou de campo.
Sintonizado com sua arte, John Hudson, entretanto, não abre mão de seu respeito pela natureza. Ele assegura que trabalha com as conchas de acordo com as determinações ambientais, fazendo questão de esclarecer: “Os corais vêm do descarte de aquários do Brasil. Nenhum deles foi tirado do mar.” Ele conta ainda que a grande maioria das conchas usadas nas peças dessa exposição vieram de fora da região, muitas de fora do Brasil até. “Aqui por Paraty as praias não costumam ter muitas conchas”, diz ele.
Lauretta Marie, que orquestra o Armazém Paraty, cenário da exposição, adora o trabalho, e apresentou o evento com o entusiasmo elegante de quem conhece o assunto. “Desde os tempos mais remotos, as conchas, com suas formas e mistérios, exercem um grande fascínio sobre todas as culturas. Civilizações na América, África e Ásia utilizaram-nas como moeda, outros como amuleto, ou associadas a propriedades de fertilidade e proteção. Mas o que prevalece ao longo de milênios de história é a capacidade de inspiração que as conchas exercem sobre artista e artesãos. E que essa exposição Joias do Mar nos revela, por meio das criações contemporâneas do artista John Hudson.”